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segunda-feira, 24 de maio de 2010

O reverso da palavra



Quero escrever a minha existência, num verso de uma folha qualquer.

Escrever palavras incorrectas, como o equívoco que agarra os meus sentidos.

Vou virar-me do avesso e dizer tudo de mim… mesmo aquilo que está calado no fundo do coração.

Porque, dizer o que está certo, gritar a frase verdadeira, perde o encanto que nela habita.

Quero colocar aquele olhar perverso, que apenas espreita e não olha.

Quero ler o poema escrito, numa folha perfeita, com palavras correctas na beira de um verso qualquer.

Quero que exista sempre uma manhã de claridade ao despertar para ver a luz do sol num voo rasante sobre o Tejo.

Quero escutar o som das gaivotas que me falam de saudade e ver os barcos que naufragam nas águas revoltas do meu peito.

Agora as tardes já se perdem no rasgo traçado pelos barcos em calmaria.

Já não quero o meu olhar libertino, nem penetrar no meu oposto.

Quero poder navegar com os olhos do passado num corpo lasso, seguir rotas por explorar e soltar sonhos multicolores para o ar.

Desamarrá-los em lembranças vagas e ancora-los no porto da melancolia, enquanto a minha alma percorre o lusco-fusco, perdida e à margem de uma vida já premente.

1 comentários:

Milhita disse...

Um abraço meu amigo. Escrever também é navegar num mar revolto, lembrar um futuro que outrora seria um sonho, escrever, é colorir numa tela, cada sentido que em nós se cala.