Os meus sonhos são encrespados como as águas revoltas, gélidas e salgadas.
São feitos de reflexos inatos, incontroláveis como as experiências de Pavlov.
Transmitem escárnio como a Gaivota de Tchecov, são santos e pecadores como o crime do Padre Amaro e por vezes sedosos e azulados como as lágrimas límpidas do Tamisa.
São gritos à autonomia e à liberdade apregoados por Leminski e, parecem um arco-íris como os olhos de Natassja Kinski.
São extensos, muitas das vezes tristes e pernoitados, tais prostitutas prostrada à beira da estrada.
Pobres e eternos lutadores como Capitães de Areia de Amado e feitos de palavras negras, como A Canção Desesperada de Pablo Neruda.
Devassos e lascivos como as Memórias de Uma Moça bem-comportada contados por Simone Beauvoir.
São miseráveis e prostituídos como as sarcásticas personagens de Victor Hugo e timbrados nas fragrâncias de Chanel nº5 de pau-rosa.
São vividos e compostos nas quatro estações de Vivaldi ou como Um ensaio sobre a cegueira de alguns Saramagos bem entrosados.
São corpos nus soltando flechas de cupido em busca de Musas e Graças e esculpidos em gelo por tesouras mágicas nas mãos de Eduardo, como num conto de fadas da minha meninice.
São simplesmente sonhos
1 comentários:
Enfim, são sonhos e os sonhos não se controlam...
Muito lindo. Parabéns
Postar um comentário