Do meu lado esteve sempre, sempre a mulher que mais gosta de mim. Chegou o momento de se inverterem os papéis.
Passado pouco mais de duas semanas no hospital, estás de novo de regresso a casa.
Quando tudo parecia mais uma vez impossível, conseguiste vencer de novo, mas o teu estado é extremamente débil. Os cuidados agora têm de ser redobrados.
Olhavas para mim com um olhar aflito e implorativo, sem te conseguires expressar ou fazer uso dos braços inertes para me afastares.
Desisti. Não consigo resistir ao teu olhar.
Eu sei que tenho de o fazer, embora te possa provocar algum desconforto... ou talvez dor. Mas ainda não arranjei coragem para tentar de novo. Tenho tanto medo de falhar...
Passei um bálsamo calmante sobre as tuas pálpebras, que já estavam fechadas, e com dor, de tanto choro, e disse-te que tudo iria correr pelo melhor.
Disse-te que contemplarias o mar daqui a mais cem séculos, quando as rosas do jardim murchassem e eu me picasse mortalmente num dos seus espinhos. Que o tempo seria multiplicado por sete e alcançarias a imortalidade.
Isso acalmou-te. Passei de novo o bálsamo nas tuas faces que se encheram de alegria.
Falei-te do mais belo que havíamos vivenciado no mundo, e que tudo o mais era sem importância.
Disse-te…
Disse-te que estarias sempre comigo, e que guardaria o teu coração num frasco de alabastro branco, como o mármore das igrejas, e que serias sempre habitante das profundezas do meu ser.
Acalmou-te.
Sei que és a pessoa com menos culpa em tudo isto.
Fizeste-me passar mais seis horas de impaciência no hospital precisamente dois anos após o teu último internamento... o teu problema agravou-se. Mãe! Já não sei que fazer. Estou cansado e impotente.
Desculpa não sei mais como agir... penso... penso mas não sei. Tu estás mal, o pai está pior e eu estou... como só Deus sabe.
Se Ele existe, compreenderá a minha revolta e desespero... ao ver-te sofrer a ti que estás doente, ao pai que enfermo está. Eu, eu sou o que menos importa.
Apesar de tudo estão vivos e eu adoro-vos. A ambos devo tudo o que sou como pessoa.
Adoro-te pai.
Amo-te mãe.
Passado pouco mais de duas semanas no hospital, estás de novo de regresso a casa.
Quando tudo parecia mais uma vez impossível, conseguiste vencer de novo, mas o teu estado é extremamente débil. Os cuidados agora têm de ser redobrados.
Olhavas para mim com um olhar aflito e implorativo, sem te conseguires expressar ou fazer uso dos braços inertes para me afastares.
Desisti. Não consigo resistir ao teu olhar.
Eu sei que tenho de o fazer, embora te possa provocar algum desconforto... ou talvez dor. Mas ainda não arranjei coragem para tentar de novo. Tenho tanto medo de falhar...
Passei um bálsamo calmante sobre as tuas pálpebras, que já estavam fechadas, e com dor, de tanto choro, e disse-te que tudo iria correr pelo melhor.
Disse-te que contemplarias o mar daqui a mais cem séculos, quando as rosas do jardim murchassem e eu me picasse mortalmente num dos seus espinhos. Que o tempo seria multiplicado por sete e alcançarias a imortalidade.
Isso acalmou-te. Passei de novo o bálsamo nas tuas faces que se encheram de alegria.
Falei-te do mais belo que havíamos vivenciado no mundo, e que tudo o mais era sem importância.
Disse-te…
Disse-te que estarias sempre comigo, e que guardaria o teu coração num frasco de alabastro branco, como o mármore das igrejas, e que serias sempre habitante das profundezas do meu ser.
Acalmou-te.
Sei que és a pessoa com menos culpa em tudo isto.
Fizeste-me passar mais seis horas de impaciência no hospital precisamente dois anos após o teu último internamento... o teu problema agravou-se. Mãe! Já não sei que fazer. Estou cansado e impotente.
Desculpa não sei mais como agir... penso... penso mas não sei. Tu estás mal, o pai está pior e eu estou... como só Deus sabe.
Se Ele existe, compreenderá a minha revolta e desespero... ao ver-te sofrer a ti que estás doente, ao pai que enfermo está. Eu, eu sou o que menos importa.
Apesar de tudo estão vivos e eu adoro-vos. A ambos devo tudo o que sou como pessoa.
Adoro-te pai.
Amo-te mãe.
In: Ano Louco (adaptação)