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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Amor de perdição


Perdido de mim, como habitualmente, sento-me…
A perca de um familiar é agressiva, a perdição é ainda maior…
Perco-me em monólogos mudos numa qualquer mesa de uma qualquer esplanada. Soltam-se fumos. Um acastanhado de um cigarro mal queimado e outro cálido e odorífero da chávena cheia de café diante de mim.
Contemplo a minha mente a fluir pelo teu corpo. À medida que esta melodia invade o ambiente, fico estático... hipnotizado...
Sobressais do breu que me envolve. A tua áurea rasga a escuridão do cenário como uma estrela cadente em noite de Lua nova, como gritos a rasgar o silêncio de morte.
Arrefece o café enquanto batem os dedos redondos no tampo ao som de uma música surda tocada pela orquestra que, simplesmente, não existe.
Mas eu oiço o preguear dos tambores ao som do coração. Rufam como exércitos de aves rumo a norte, em convulsões poéticas. Recordo o teu corpo que copia as chamas da fogueira que nos aquece.
Liberto a mente, sempre em espasmos de lembranças e vejo-te a dançar solta como se não pertencesses a qualquer parte.
Pára a música, cai o pano e retorno desse mundo à parte.
Como é lindo o teu bailado. Balanceias o ventre lentamente de olhos cerrados e com um singelo sorriso nos lábios. Serpenteias as tuas mãos ao som da música. Danças como folhas ao vento na alvorada do meu Outono.
Morre-me o cigarro aos poucos na minha mão. A cadeira vazia ao meu lado confidencia-me a tua distância.
Puxa-me para a realidade de hoje.
O vento folheia o jornal que fala de notícia de tudo menos de ti. O telemóvel inerte no tampo da mesa não toca. As horas não passam. Venha uma lua nova que me devolva a ti.
A chávena agora vazia continua a arrefecer. Abraço-a na tentativa fútil de prender o calor, mas este foge. Volto a abraça-la na tentativa de aquecer as mãos e o coração gélido da ausência do amor, de ti.
Nem te vi partir… volta depressa.
O tempo corre tão rápido que tenho medo de não ter o meu tempo para te amar como gosto e sei amar com a totalidade do meu corpo, da alma e do coração.

Escrito hoje às 21:00

6 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido
Lindo e melancólico texto.

Morre-me o cigarro aos poucos na minha mão. A cadeira vazia ao meu lado confidencia-me a tua distância.

Maravilhoso.

beijinhos
Sonhadora

Moi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Entre o ceu e o mar disse...

Olá Sonhador,

Como é bom perdermo-nos no tempo, no espaço!
Fabuloso texto amei, tambem eu me revejo em muitos momentos de pura melancolia, momentos necessários para a continuidade do nosso Ser.

Beijinhos
Susana

Milhita disse...

meu amigo de desassossego, bebi as tuas palavras, de presença, tão bonitas, como se todos os teus sentidos se tivessem unido numa voz de dentro.
Talvez o texto mais bonito que te li.
Estarei aqui,
Estarei onde existo e onde os passaros ensaiam voos sublimes de sonho!
Um abraço !

Ana Isabel disse...

Criatividade..beleza..emoção..

A tua prosa prende do princípio ao fim.

É um prazer ler os teus textos.

Menina do cantinho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.