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quinta-feira, 1 de março de 2012

Talvez ainda te ame!



  " QUANDO O AMOR É SINCERO ELE VEM COM UM GRANDE AMIGO, E QUANDO A AMIZADE É CONCRETA ELA É CHEIA DE AMOR E CARINHO."
(Sheakespeare)

Em dias infindáveis amei-te loucamente. Durante intensos dias, amei-te mais do que a minha própria vida. Acredita que é verdadeiro o que te digo.
Hoje peço-te que aceites o que afirmo e que acredites nas minhas palavras jogadas nesta página escura, colorida com tinta de afeição, carregadas de ansiedade e frustração.
Ansiedade porque é o meu estado permanente. Frustração que é uma vivência de mim.
Estou extenuado de me acobardar dentro de quatro paredes, do corte das minhas asas, de morrer, simplesmente, quando tudo estiver acabado e eu nem sei o que tenho para acabar.
Reconheço que já não me amas. Embora julgues o contrário. O contrário de tudo.
Julgas que te amo só porque me deito contigo. És cega. Não distingues amor de intimidade e hábito?
Sabes o que é a crise dos sete anos? Nos já ladeámos três crises e vamos tentar ludibriar a quarta.
Ambos sabemos que quando o frio na barriga passa e o príncipe encantado se transforma num simples mortal a sensação de desgaste generalizado acaba por colocar o relacionamento nos pratos de uma simples balança.
Chegou o ponto em que nada mais existe para acrescentar um ao outro e a relação passa por nós preenchendo um tempo oco.
Mas amei…
Ainda te desejo porque te amei. Amei-te e criei em mim a ilusão que podia criar em ti o amor como se o amor se plantasse como quem planta uma orquídea selvagem e a vê crescer.
Mas o amor não é uma planta.
Também eu confundi. Misturei a realidade com os meus desejos.
Queria sentir a tua presença mesmo na tua ausência. Desejava que fizesses parte de mim e que nada conseguisse expulsar-te. Queria sentir o teu cheiro e o teu corpo em tudo o que tocasse, como se, na ponta dos meus dedos, estivesse sempre o veludo da tua pele.
Detesto o sangue das feridas que deixaste abertas e que eu lambo para te sentir.
Elas são o teu rasto, a tua obra, o sinal da tua presença, a tua modificação do meu sentir, do meu ser.
Odeio a tua ausência, em cada recanto da casa, no frio dos lençóis, na mesa que não enfeitas.
Abomino a florista a quem já não compro flores, porque não há ninguém a quem as oferecer.
Antipatizo com a figura das outras que me olham e se parecem contigo.
Amargam os cigarros que fumo para matar o tempo infinito em que não existes, e não sei se são os cigarros que me vão matando se é a tua lembrança.
Enjoo o cheiro do perfume Paris que te ofereci e que nunca desapareceu deste quarto onde os nossos corpos se abraçavam, se comprimiam, se misturavam, no tempo em que ambos julgávamos que sexo era amor.
Não quero lembrar-me de ti e não consigo esquecer-te.
Odeio-te porque talvez ainda te ame!