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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Noite eterna


Os candeeiros da rua já se acenderam. É noite! Anoitece mais uma vez na fronha dos meus lençóis e tu não estás. Penso se estarás a pensar em mim!
Olho pela janela e fico encadeado com o esplendor da lua grávida. Penso de novo em ti.
Como desejava estar preso nos teus braços, sentir o calor do teu corpo incendiar-me as veias da paixão. Sentir o doce dos teus lábios colados aos meus.
Só, no encoberto da noite eu encontro a luz para sonhar. É à noite que eu pergunto tudo por ti, e peço à lua e às estrelas para te trazerem junto de mim.
Ando perdido. Sinto-me um enfermo dentro deste corpo sem utilidade. Um lobisomem faminto de amor. Tu sabes!
A solidão traz-me a mágoa por não te ter aqui.
A solidão traz-me a mágoa por não te poder abraçar agora.
A solidão que me magoa vai saber esperar.
Faço da lua cheia um farol para me guiar, pois só no escuro da noite encontro o clarão para sonhar!
Anoitece, mais uma noite que tu não estás.
No silêncio envio-te palavras de amor que tu escutas quando espreitas à janela do teu coração e o vento da alma te invade de palavras.
Palavras de saudade.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Verdade ou consequência?



Para que me queres?
Se rejeitas a minha simplicidade.
Para que elogias este meu olhar?
Se não pretendes olhar-me nos olhos.
De que me vale a voz doce?
Se não queres provar o sabor dos meus lábios.
De que me valem as palavras?
Se não me desejas ler ou escutar.
Para que tenho pensamentos maduros?
Se não os acatas tenros na sua essência.
Para que habito um corpo?
Se me escondo na sua sombra.
De que me vale ser sincero?
Se não confias na minha honra.
De que vale a espera?
Se a certeza não aguarda por mim.
De que vale ter uma casa?
Se apenas vivo entre escombros.
De que me vale amar?
Se nem eu me quero como sou.
De que me valem as promessas feitas?
Se o meu amor está mais longe que um santuário.
Para que me rogas para lutar?
Se no meu coração não existem campos de batalha.
Porque me acusas de querer audiências?
Se abomino os aplausos na ribalta.

Será verdade? Ou será apenas uma abominável consequência?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Em todas as ruas te encontro


Em todas as ruas te encontro

em todas as ruas te perco

conheço tão bem o teu corpo

sonhei tanto a tua figura

que é de olhos fechados que eu ando

a limitar a tua altura

e bebo a água e sorvo o ar

que te atravessou a cintura

tanto tão perto tão real

que o meu corpo se transfigura

e toca o seu próprio elemento

num corpo que já não é seu

num rio que desapareceu

onde um braço teu me procura


Em todas as ruas te encontro

em todas as ruas te perco.



Mário Cesariny, in "Pena Capital"

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Voltarei


"Nunca tiveste aquela sensação de amares alguém, de amares alguém muito, e as circunstâncias em que a tua vida acontece destruírem a possibilidade desse amor, apesar de ele continuar a existir dentro de ti?"

João Tordo in Hotel Memória

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Vou dormir




Vou dormir. A lassidão nos olhos provocada por uma semana louca, não me permitem enxergar os ponteiros do tempo.
Vou dormir. São horas de entrar no mundo que me é tão querido, o dos sonhos. Apago primeiro a lamparina da lua que ainda vagueia feita tonta, pelas paredes do quarto.
Vou dormir. O amor promove por mim a dicção do sangue que me percorre nas veias.
Vou dormir. Despeço-me com uma carícia do livro que tenho na cabeceira, que me vigiará os sonhos, para que não sangre como um homem incapaz e obscuro, que não beba o sal e o fel do homem solitariamente demente.
Vou dormir. O corpo necessita morrer por algumas horas, longe da dúvida que me habita no dia. E, na cegueira do céu, as pálpebras cerram-se, os ossos estalam pelo peso dos anos que já me afloraram o corpo. Ardo serenamente em fogo lento e abraço-me no grito mudo do homem marginal.
Vou dormir. Um caderno branco permanece aberto como um barco à beira dos frescos frisos da escuridão e como cego quebro-me por inteiro contra o muro da indiferença.
Vou dormir. Adormeço, sonho e vejo-te a sorrir como uma rosa a florir. Deixo-me ficar parado ao teu lado a observar-te como um anjo, que apenas te ama.
Vou dormir. Mesmo que seja apenas o sonho imaterial, mesmo que seja só a palavra calada, e que me negue ao poema sem valor digo-a aqui com voz em segredo, longe dos teus olhos e da tua respiração: “Existes em mim!"


domingo, 13 de setembro de 2009

Fantasia



No conforto da minha fantasia te traço os lábios.
Na incandescência da paixão esqueço o tempo,
Calo a minha boca colada na tua,
Silêncio e seda inventadas numa folha de papel.
Invento o momento,
Diluo as minhas mãos na tua pele rosada
E sorvo-te num impulso!
Guardo o pensamento na gaveta dos nossos segredos,
Derramo-me na nascente da tua fantasia,
Traço o meu devaneio na recordação de palavras escondidas
E espero-te as mãos e o corpo na minha ilusão!
Na minha noite que não chega, cheiro-te a ausência,
O segredo e os murmúrios soltos...
Abafa-me em toques de carinho, ousa...
Toca-me a pele, desliza por ela, sedenta de ternura.


Imagem: Google

domingo, 6 de setembro de 2009

O livro da nossa memória


Sim! Estou convicto que nada é por acaso.
Já tive o meu destino cravado nas minhas mãos. A decisão estava tomada. Todavia, um dia como munidos de uma pedra de jade riscámos e escrevemos por cima uma história diferente da primeira. Um enredo na qual já não entravamos.
Eu bem tento, quero… Sim, quero e preciso, mas não consigo. Não consigo. Que raiva fica de mim mesmo. Que me faz tropeçar? Que embriaguez me persegue que me faz vacilar como um temulento sofrido no vício?
Afogo-me num mar de justificações e encalho nos arrependimentos.
Longe vão os dias que trocávamos o sono pela alegria das nossas palavras fixadas nos nossos pensamentos enquanto ambos namorávamos a lua que nos iluminava o coração e a face ruborizada de desejo. Mas sem o querermos mudámos de história. Porque estaria gasta?
Mas sei que não a vamos perder, porque esses dias e noites em que implorávamos pelo nosso amor ficará escrito noutro livro.
No livro da nossa memória.
A perfeição não existe e aquele querer, o nosso sonho do mundo perfeito lado a lado fez-nos cair no dia que ficámos sem asas, e sem chão.
Peço-te, não abras a janela do nosso pequeno quarto para que a luz não penetre até nós e não destrua os nossos sonhos.
Vamos juntos impedir que a luz do dia deixe transparecer o tempo que nós perdemos em beijos e carícias Aninha-te em silêncio junto a mim. O teu toque é o suficiente para ler os teus pensamentos. Fica nua para mim.
Nega que tiveste outros. Mente que sou o primeiro, e que serei o último.
O meu desejo arde como uma ferida a pulsar. Quantas vezes me ausento de mim para te sentir mais longe e a ferida não seja tão dolorosa.
Com tanta contrariedade já mal distingo a cor dos teus cabelos, o toque dos teus dedos, o sabor dos teus lábios.
Mas tu sabes que nunca o esquecerei porque está bem embebido no livro da nossa memória.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009


Amanhã vou marcar uma consulta para dois, pedir comprimidos genéricos a ver se isto passa.
Com as noites de sono que me receitaram já não vou lá. A lista de mezinhas que me ensinaram e que conheço já se esgotou. Preciso de descansar, de paz, tranquilidade e muito amor. Tu careces de reconstruir a tua vida, de te lembrares de quem és, sem que eu esteja por perto.
És livre, digo-te: acredita em mim.
Porque não voas?
Nem que seja para mim!