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quinta-feira, 29 de abril de 2010

O QUE O AMOR NÃO É


“O amor não é o bilhete de identidade”: Sérgio Godinho

O amor não é tábua de salvação de náufrago. Quem se afoga, às golfadas, precisa de colete ou bote salva-vidas. O amor não faz boiar melhor.

O amor não é posição de autista a olhar para o próprio umbigo. Quem não olha o outro ama uma parte da sua própria imaginação.

O amor não é carta branca para denegrir a pessoa amada. Quem se julga superior por amar um ser inferior esconde problemas de auto-estima. Precisa da ilusão de superioridade moral que mantenha recalcada as dúvidas sobre os seus defeitos.

O amor não pode concorrer com o Xanax. Quem acha que não consegue dormir sozinho deve ir à farmácia pois os senhores que fabricam, distribuem e vendem soporíferos também têm filhos para criar.

O amor não é o Neoblanc gentil. Não branqueia a sujidade depois da porcaria que fica dita.

O amor não usa megafone de feira daqueles que anunciam: “ é o amor, meus senhores, é o amor! Do verdadeiro, do tradicional, do que vem dos tempos imemoriais, do Romeu e da Julieta, do Tristão e da Isolda e outros artistas que tais.” O amor não precisa de propaganda. Não se anuncia. Ele fala no silêncio.

O amor não impõe a obrigação de assegurar uma cerimónia fúnebre condigna a cada espermatozóide que os testículos do amado produzem.

O amor não sabe jogar poker.

O amor não anda na Montanha-russa.

O amor não é uma avestruz insaciável.

O amor não é um Nenuco chorão.

O amor não estudou retórica.

O amor não odeia.



Postado em Fevereiro 16, 2008,  no site Escritartes, por anamarques

sábado, 17 de abril de 2010

O principio do fim


Este texto não pretende ferir susceptibilidades é apenas um desabafo… Quem aqui se rever, acreditem que é apenas mera coincidência.

Porque tudo tem um fim?
Não direi que de forma propositada, mas por circunstâncias de momento, tenho vindo a desligar-me um pouco por falta de tempo deste local virtual.
Leio com carinho todos os comentários que de forma tão afectiva me deixam nestes espaços onde percorro os recônditos da minha vida. Quase não tenho lido tempo de retribuir… desculpem-me!
Talvez de forma inconsciente seja um cortar do cordão umbilical que me tem mantido a todos. Que me mantém vivo.
Todavia o cordão que une duas vidas é sempre amputado.
Acredito que alguns dos que habitualmente por aqui passam, não queiram que seja assim. Nem eu tenho a certeza de querer que seja assim. Quero acreditar nas pessoas, mas por vezes vagueio por “ai” e não sei o que pensar…
Do voo da borboleta diz-se que é belo. E efémero. Como a vida.
Assim da vida se possa dizer que, por curta que seja, cumpre a sua finalidade. Tal como o voo da borboleta.
E qual é a finalidade da vida? Não perguntem que isso já não sei. Mas hoje deu-me para aqui.
Embora sempre me dissessem que este Sonhador era "autêntico", há muito mais em mim do que ele. Este é um mundo fantástico e simultaneamente um orbe bem perigoso.
enho pensado bastante da atitude a seguir. Concluí que deixar de realizar algo que me presenteia, por atitudes que aqui descrevo, não será certamente a melhor opção, porque aqui (mundo virtual) conheci alguém maravilhoso  e é sobre a penumbra da minha sombra que a paisagem segura o horizonte cansado das minhas mágoas.
É na miragem do meu ténue corpo que mergulho toda a minha angústia.
É nas águas límpidas do meu coração que eu recordo os meus tristes sorrisos como crianças que em plena imaginação agarram o arco-íris.
Deixemos que os cães ladrem, porque a caravana irá sempre passar.
Nem que seja apenas para mim, que o sonho perdure.


sábado, 10 de abril de 2010

Eis a razão pelo qual me sinto, ninguém.


Hoje não me apetece filosofar sobre a transcendência dos egos, sobre mentes controversas, amizades coloridas ou descoloridas, pálidas ou seja lá o que for!
Cansei-me de planar a grande distância da realidade, e quero mergulhar na vulgaridade. Porquê? Quiçá no fim do texto encontrem a resposta.
Para começar vou praguejar: Que raio de tempos são estes, que nos humedece os neurónios e nos deixa em curto-circuito?
Dai-me paciência, meu Deus. Deus! Mas as minhas relações com a divindade não andam grande coisa, por isso corto o Deus. Fico só com a paciência, ou antes sem ela…
Isto tudo para dizer que não me sinto sozinho, sabes? Sinto-me isolado.
Tenho nos ombros uma vida, sentida e muito sisuda. Hoje pergunto-me se valeu a pena?
Para que estarei aqui a gastar palavras? Se quando falo não me escutam?
Quero lá saber, falarei com a minha companheira, que me segue para onde vou e não vou. Seja dia ou seja noite. Necessito desabafar. Preciso que alguém escute a minha dor, a minha indignação. Perceba a crueldade da nossa existência. Entender o quanto somos insignificantes. Atingir o verdadeiro sentido de existir.
Mas que digo eu? Para que me estou a cansar com frases que ninguém irá ler, com pensamentos que não serão sentidos, palavras que não querem ouvir.
Julgo que a semana passada coloquei uma flor a tingir um frasco de água… a cor é quase imperceptível, embora roce o afogueado, como se me avivasse a memória dos sinais de perigo.
Parece lamentar-se em sórdidos silêncios do meu desleixo, ultimamente. Recordei com saudade a orquídea que colhi num fim de tarde fria e que guardei com todo o carinho e amor, num jarro, num recanto escondido do meu coração.
Há quanto tempo não mudo a água à jarra?
Que vergonhosa patetice! Irá certamente murchar.
Corro como louco todos os cantos do meu coração à busca dela. Quero mudar-lhe a água.
O silêncio principalmente hoje dói-me e não tenho com quem desabafar.
Liguei o rádio na M80. A música soltava-se com o mesmo fervor do meu coração, em busca da “esmeralda escondida”.
A Ilídia Maria, que por acaso conheço, porque foi minha colega de liceu, berrava “telepatia” contra os meus pobres tímpanos. Quando a convenceram que sabia cantar, mudou-se para zona fina e mudou o nome. Lara Li é mais in!
Desesperado por não encontrar a minha flor, apesar da telepatia, peguei num copo que enchi de Jack Daniel’s. Escolhi este porque é destilado no Tennessee e por isso deve ser bom. Apenas isso. Ao fim do segundo copo, a vista turva e a língua a esbarrar nas palavras voluptuosas e controladas pelo álcool, ao atirar um “bom dia” a um vizinho.
Porque será que o álcool nos desinibe os sentidos e nos aveluda a alma com uma auto-estima, inebriante?
Eu falo com a orquídea, sabias? E ela falava-me tão docemente, até que se fechou em botão.
O amor e a amizade são uma flor frágil e por vezes desleixamo-nos. Deixamos que a água pútrida petrifique as recordações boas e as reduza a um punhado de coisa nenhuma.
Sento-me numa cadeira tal profeta desmoralizado.
Apetece-me de novo praguejar: Raio, porque será que o álcool e os meus olhos, não se dão?
Penso que só os animais ditos irracionais conseguem vislumbrar os verdadeiros profetas. Nós, nem os pressentimos, e passamos-lhe por cima nesta correria desenfreada feita de rotinas, que faz dos nossos dias, autênticos cromos repetidos, onde nada acontece que nos ajude à inovação. Mas, nem um cromo já colecciono.
O rádio continua a tocar na tentativa de me absorver. Agora debita alguns decibéis de “Everybody Hurts” dos “REM”.
“Well, everybody hurts sometimes, everybody cries…”
Não te isoles. Tapa os ouvidos e não escutes a estrofe de gritos, lamentos, suspiros, tristezas e até sofrimentos, queria somente poder abraçar, amar... Vem, preciso do teu cheiro, dos teus braços eternos onde adormeço os meus medos ancestrais.
Não escondas as tuas pétalas de mim, minha orquídea selvagem. Dá um tempo aos minutos. Dá uns segundos às estrelas que foram dormir e dá a tua existência à minha loucura.
Porque alteaste entre nós essa muralha invisível que apenas o olhar da alma consegue transpor. Há um estranho silêncio na tua voz.
É nesse silêncio esquivo que eu te encontro e te falo sem te ver, tal como o vento o faz quando rompe atrevidamente pelas brechas das janelas do meu quarto.
Que pateta! Achas mesmo que alguém… escuta?
Sabes, também não importa, porque sei que embora o negues, as tuas pétalas aprumam-se de cor para me ouvirem.
Por favor deixa-me encontrar-te para que te banhe com a água das minhas lágrimas e assim ajudar-te a ficar viçosa. Não murches a minha vida.
Fica a promessa que quando te encontrar te amarrarei com correntes roubadas à lua.
Ouvirei as palavras que quisemos dizer, mas que não dissemos, experimentarei, os amores que compusemos no lirismo dos nossos sonhos, sem pressa.

Não devemos ter pressa. Sabes? Não vale mesmo a pena termos pressa. Quem sou eu? Quem és tu? E ele? E ela? E aquela multidão que corre para conseguir um lugar sentado no comboio?
Certamente muita gente, seguramente ninguém.
Porque a premência que tenho agora é que o tempo aniquile o próprio tempo.
E sabem porquê?
Hoje, que não me apetece filosofar, queria antes rezar, mas já nem rezar sei.
Hoje o meu colega A.N. foi vítima de um AVC e está em coma profundo. Aos vinte e oito anos de idade foi embusteado pela seriedade da vida.
Casou há cerca de um ano e a mulher carrega no ventre, o fruto de uma união a dois, com sete meses.
Não fui capaz de explanar este acontecimento, sem ter viajado nas asas do sonho, porque em apenas dois dias, sei lá eu, se por falta de água, vi fenecer um cravo e murchar uma orquídea.
A vida tal como o amor deviam permanecer imarcescíveis.

Eis a razão pelo qual me sinto, ninguém.

Escrito em 08-04-2010

PS: A.N. faleceu hoje 09-04-2010 às 23:12 horas.



Amigo, Paz à tua alma.