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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Porque murcha o girassol?


Nove e dez minutos da manhã. Valeu a pena ter fugido da cama bem cedo. A fragrância a iodo do mar faz-me sempre bem.
Entrei em casa bocejando sem parar. Doíam-me os maxilares. Sentei-me no sofá do canto e no canto do sofá. Acabrunhado. Sentia-me triste. Sei que podemos ficar desgostosos e feridos com as palavras mais cruéis. É natural!
Caminhar dias e dias numa estrada sem fim com dúvidas que nos atormentam sem limite, sem dó.
Gerar feridas abertas no nosso coração, que nos lançam para um sofrimento bárbaro. Mas, nada aniquila tanto por dentro, como uma grande desilusão.
E se esse desapontamento vem de alguém que nos ocupa um lugar no coração, é como se as árvores estivessem completamente despidas, o campo integralmente deserto, a música sem melodia, a palavras sem significado, o coração sem pinga de sangue.
Torna-se num lugar de memórias antigas, que mais não fazem do que obrigarem a lembrarmo-nos de que o nosso coração, no fundo, no fundo, só a nós pertence.
Lancei um olhar lânguido para o fundo da casa onde se encontrava a estante de pinho com livros em desaprumo. Deixei-me invadir por breves instantes num enternecimento de lágrimas inoportunas.
Por vezes não basta o que alguém nos diz. Por vezes não basta que alguém nos tente compreender. Que tente lutar... Que despeje nas nossas mãos mil palavras. Não basta tentar. Tentativas. Tentativas que não nos tocam o coração. Um gesto, um beijo ou simplesmente um abraço consegue tirar-nos os pés do chão e flutuar sem asas no espaço.
No meio da desordem dos livros, escolhi um ao acaso e mergulhei naquele mar de letras!
Após percorrer várias páginas deixei-me ficar encostado ao ponto de interrogação de um parágrafo do livro “Os íntimos” Inês Pedrosa.
Penso que nunca compreendi o verdadeiro mundo das mulheres. Por esse motivo fiquei a pensar naquilo que tinha acabado de ler.

“… Porque tem de haver uma razão para tudo? Que razão assiste ao despertar da paixão?
As mulheres exigem explicações, não suportam a natural irracionalidade da vida. Queixam-se da previsibilidade dos homens, da sua incapacidade para a surpresa – sempre os mesmos gestos, sempre o mesmo sofá, as mesmas rotinas, os mesmos restaurantes -, nunca compreendem a decadência do desejo, ou antes, o pânico da prisão. Um dia um homem acorda e sente-se preso por uma mulher amada. Isso não quer disser que tenha deixado de a amar, apenas que a ama agora de outra maneira. O sexo gasta-se. As mulheres parecem não perceber que o sexo se gasta muito depressa. Talvez sejam mais hábeis com a imaginação. Ou com a mentira. O corpo de uma mulher adapta-se à mentira, como a tudo. O corpo de um homem é verdadeiro como um hospital. Nunca mente. Por mais que queira, não mente. Não sabe.”…

O mundo será um lugar melhor no dia em que as mulheres perceberem que o romantismo não tem de ser um acto diário para ser verdadeiro!
Que entendam que existem infinitas formas de mostrar amor, romantismo, paixão e humildade.
Algumas mulheres não percebem como são lindas como os lírios do campo. Outras não atingem que quando nos olham é como uma perversa tentação, uma forma de provocação, qual efeito para a abelha que procura o pólen num enorme girassol.
Mas por vezes a escuridão que nos talha a alma ressaca campos inteiros de girassóis, que sem vida se ajoelham junto da terra, sem nenhum encanto, com as ramas pesadas de sono roçando a lama fria da terra.

O girassol, murcha e a abelha despega-se da debilitada flor e vai procurar outra, e outra…
 

1 comentários:

Catarina disse...

Achei um belo texto, adorei. Fiquei completamente presa às palavras x)
Apenas uma pergunta, então, os girassóis é suposto, no teu texto, ser o equivalente ao amor? Ou seja, o amor também "murcha", e o homem (a abelha) precisa de voar para outra mulher (para outra flor)?
Obrigada